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domingo

    "Estou com medo de me apaixonar por você" - ela tinha dito naquela tarde chuvosa, enquanto ele dirigia o carro em direção ao fim do mundo. A frase mais covarde que já ouvira. Sugeria um monte de coisas que Brian não queria pensar no momento. Que ele não valia à pena, por exemplo. Ou que ela não gostava dele como era, e que talvez precise mudar algo para merecer o amor dela. Na estradinha de terra deserta, Brian se mirou no retrovisor. O senhor Gengiva estava lá.
    "Senhor Gengiva" era mais que um nome, apesar de não estar escrito em lugar algum. Era assim que gostava de se chamar quando estava com raiva. E passava a maior parte da vida com raiva de si mesmo. Veronica rejeitar seu amor também o deixava com uma ponta de raiva. O apelido terrível - que ele usava como um codinome em sua guerra interior - foi dado por um moleque na época da escola, por um motivo muito simples: suas gengivas apareciam demais, principalmente quando sorria. E de boca fechada ele tinha aquele jeito deselegante de quem usa aparelho nos dentes. Brian cresceu reprimido, introvertido, um menino que não sorria, envergonhado e tímido demais em seu canto, deixando a vida passar lá fora. E agora, deixando o amor por Veronica passar. No fim, concluiu, era um covarde também. Covardes se machucam menos.
***
    Tem dias que tudo que leio parece ter sido escrito pra mim. Com propósitos de me mostrar algo, mesmo que eu já saiba. Ou apenas pra me identificar com o texto como se fosse eu a autora.
Ás vezes acho coisas onde jamais imaginaria encontrar. Como esse texto, por exemplo. Sou um homem e me chamo Brian. É só o começo da história, o resto é bem relevante, principalmente pelo seu conteúdo.
    Pode rir, eu encontrei esse texto em um site de contos vampíricos eróticos. É até legalzinho. Me identifico com o escritor, apesar do uso de certas palavras impróprias. Mas é um texto erótico, não é? Não deve ser tão impróprio assim, mas mancha um pouco. Perde a graça.

    Não quero colocar o resto. É um texto grande, mas algumas partes se resumem na beleza física de Verônica. O seu gosto pelo sexo. Me lembrou muito o que eu escrevi no meu ultimo post.
    Desanimo a cada dia. Sem vontade de ser como Verônica. De atrair pela simpatia forçada e pelo corpo bem delineado e firme. Eu quero, mas não consigo porque não me permito.
Me mandaram um vídeo. Filtro solar, traduzido por Pedro Bial. “ Você não é gordo como pensa. Pensar em problemas é tão eficaz quanto mascar chicletes enquanto resolve um problema de álgebra.” De certa forma, faz sentido. Por outro lado – o meu lado –, como deixaria de pensar, se é apenas nisso que penso? Seria também um problema não pensar em problemas.
    Acho legal o otimismo de muitas pessoas, mas não vejo resultado nenhum. E otimismo quando não se tem pelo que otimizar, é apenas mentir pra si mesmo. Os covardes sofrem menos.

    Minha avó foi internada nesta quinta-feira. Fico pensando como seria pra ela não pensar nos problemas dela. Na dor que ela sente. E também como teria vivido a juventude. Se teve os mesmos pensamentos que eu. Gostaria de poder fazer algo por ela. E por mim.

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