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sexta-feira

Ana's Song

    Porque vangloriamos a beleza? A beleza muda de tempo em tempo, é verdade, mas sempre, sempre a fizemos motivo de reverencias. A beleza não está nos Deuses, nunca esteve. Estava em suas formas mitológicamente perfeitas.
    Ninguém gosta em viver entre os feios. Como se fosse pecado ser feio. Gordo. Negro. Branquelo com sardas. Em certo ponto acho até louvável pensar assim. Ver a beleza interior, isso não existe mais. Ou somos iguais, imperfeitos como qualquer outro que esteja a seu lado no banco do ônibus ou da escola, ou, quando somos diferentes, quando se tem algo a mais dentro de si, os ‘iguais’ excluem. Então tudo que resta são as formas. O que se pode tocar, apertar, beijar.
    No fim também é apenas isso. Um desejo físico. Ninguém mais entende amor. Ao menos, nunca encontrei quem diga ‘eu te amo’. Posso estar enganada, mas hoje somos menos que ontem. Com toda essa inteligência, o homem ainda não aprendeu a amar. Falo por mim mesma. Amo meus genitores – genitores aqui se resume em apenas minha mãe-, mas também não me lembro de ter dito ‘eu te amo’ e saber que é verdade. Talvez seja apenas a tradição dos antigos, saudar alguém que se tem ao lado com uma palavra do que acham ser carinhoso. Depois, cama.
    Isso me lembra muito os dias que passei em Foz. Toda a traição que eu escondia por trás de sorrisos e caricias. Por trás de toda aquela orgia. Aquela vontade de sentir algo a mais.
Não senti nada. De novo. Nada! Aí eu me pergunto, será mesmo bom? Estou eu fazendo errado? Porque ele não vai e não me leva? Algumas vezes fiquei pensando, enquanto o cara me olhava do espelho do banheiro, o que ele realmente via em mim. Porque ele não se excitava completamente. Algo em mim o decepcionava?
    Eu me odiava a cada pensamento desse. Invejava as modelos e atrizes de Tv. Tão felizes quando fazem sexo. E eles tão estimulados. Elas têm curvas pra dentro. Eu; pra fora. Elas têm cabelos lisos ou de cachos perfeitos. Eu; bagunçado. Elas têm peles brancas e lisas. Eu; oleosa e com espinhas. Dá pra entender então porque unem beleza com sexo.

    Pensava que um estímulo assim seria suficiente pra mim me reerguer. Mas não foi. Ainda tenho a mesma mania. Comer tudo e depois miar. Às vezes demoro pra ir ao banheiro e o pouco que sai, me parece suficiente. Não importa o quanto sair, mas eu tenho de ir. Se tornou um vicio. Algo comum que qualquer pessoa faz. Eu queria parar com isso. Queria tentar, de outra forma, voltar ao que eu era. Quer dizer, menor do que eu era. E sem fazer isso por ninguém, apenas por mim mesma. Já que o amor morreu, vamos reverenciar a beleza.

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